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O DOBRO
Ao longo das músicas, encontramos batidas de trap e drum’n’bass, riffs de guitarra, dub, ska, reggae... do flow contemporâneo de “Ninguém de nós” à guitarra chill de “Tão Bom”.
Melancolia positiva. A mistura de estilos e instrumentos não estão aqui para explicar, mas para confundir. Com a palavra eles batem, não apanham. É uma aposta alta, uma aposta em Dobro, mas não por ganância ou prepotência, e sim para somar, contribuir, pela vontade de ajudar e crescer junto. Com uma produção impecável e muito talento, O DOBRO conseguiu. Que bom para eles e para todos nós, que podemos apreciar e ouvir essa ode a nossa própria história.
Parece que foi ontem. Lembro da televisão no alto, bem alto (talvez não fosse assim tão lá em cima, éramos crianças). TVZ e Disk MTV alternavam-se no ecrã e nossa diversão era conhecer e ouvir o maior número de músicas possível. Do hip hop ao pop-rock brasileiro, aqueles inúmeros videoclipes e cd’s ajudaram a construir nosso referencial musical, seja na composição, melodia e até na atitude. Somos frutos do que ouvimos, somos presentes forjados pelo passado. O álbum do DOBRO é justamente isso: uma homenagem às bases que fizeram de nós o que somos hoje.
A heterogeneidade da obra chama a atenção, novamente me remetendo ao passado: cada referência foi devidamente aproveitada e encaixada nas músicas. A rima fácil, rápida, cuspida e escarrada de “Marajá”, com claro cunho político, demonstra que amadurecemos, que a música é entretenimento, claro, mas também é posicionamento, revolta, denúncia e busca pela evolução. Sample curto, rima rápida e direta, “não sou cego, burro”, grossa.
É possível ouvir Charlie Brown Jr. em quase todas as faixas, além de outras bandas marcantes do rock brasileiro do final da década de 90 e início da de 2000. No entanto, este não é um álbum para ser rotulado.
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